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Quanto mais “proteges” o teu filho, tentando colocá-lo numa redoma, mais frágil o tornas, menos capaz de lutar para alcançar os seus objectivos e mais vulnerável às adversidades.

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Continua a haver um incentivo cada vez maior em cuidar bem das nossas crianças, e isso faz todo o sentido. No entanto, muitas das coisas que consideramos “cuidado” são tentativas, que podem até ser bem intencionadas, de evitar os excessos em que antes se caía e, nessa tentativa de não repetir atitudes erradas, muitos pais acabam por cair no extremo oposto — o da permissividade, da super-proteção, do boicotar o crescimento e desenvolvimento da criança.

 

Maturidade

O processo de maturação acontece nas várias áreas em simultâneo. É impossível conseguir maturidade em algumas áreas enquanto noutras a criança está num nível muito abaixo da sua idade. Hábitos muito infantis (e alguns até negativos) como usar biberão, chucha, o “paninho” com que dorme, o adormecer na cama dos pais, entre outros, prejudicam seriamente o desenvolvimento intelectual necessário para avançar na escolaridade.

 

Responsabilidade

Permitir que a criança desenvolva uma autonomia saudável, vai também aumentar o seu sentido de responsabilidade e ajudar a afastar-se da atitude de que a responsabilidade / a culpa, é sempre de outra pessoa. Responsabilidade — a noção de que está mais crescida, de que os adultos confiam nela — é algo que a maioria das crianças gosta por natureza, se for passada de forma positiva. E essa crescente noção de que é capaz, vai também ajudá-la a desenvolver a sua capacidade de escolher, de fazer opções conscientes ( em vez de se limitar a fazer só porque alguém manda ou a desobedecer só porque não quer fazer nada do que lhe mandem).

 

Motivação para fazer melhor

A maioria das pessoas não sente qualquer motivação em simplesmente cumprir ordens. Ajudar a criança a tornar-se mais capaz de fazer escolhas conscientes e positivas, dar-lhe a oportunidade de alcançar vitórias, de ultrapassar obstáculos, reparar e valorizar cada novo aspecto do seu desenvolvimento, leva a criança a desejar  fazer mais, ser mais capaz, para mostrar aos pais que já consegue. Essa motivação para fazer mais e melhor é crucial para a maturação saudável da criança e deve ser cultivada e incentivada (oiço muitos pais queixarem-se que os filhos não têm motivação para fazer nada, mas são esses próprios pais que eliminam qualquer factor de motivação da vida dos filhos).

O teu alvo não deve ser que o teu filho faça o que é certo, mas que ele queira fazer o que é certo. Apesar de o objectivo ser aparentemente o mesmo, a estratégia para o alcançar é muito diferente… e muito mais eficaz.

 

Estudo

Esta é uma área em que é fundamental desenvolver a autonomia da criança, ou ela nunca irá conseguir ter bons resultados por si própria. É incrível a quantidade de pais que fica sentado ao lado dos filhos enquanto eles fazem os TPC! Esses pais acham que estão a fazer o que é melhor, que isso é essencial para que os filhos consigam tirar resultados minimamente razoáveis; no entanto, quase todos estes filhos têm muita dificuldade em ter boas notas, lutando com negativas, chumbos e (pior ainda!) a eterna desculpa de  que os professores é que têm a culpa! Não creio que todas estas crianças e adolescentes tenham um QI tão baixo ou tais dificuldades (reais) de aprendizagem. Mas a verdade é que, se tratas o teu filho como incapaz, ele vai mesmo viver como incapaz. E isso vai ter consequências ao longo de toda a sua vida.

Sentar ao lado durante o fazer dos TPC ou pagar explicações “crónicas”, ano após ano, como se isso fosse a forma normal de fazer as coisas, só vai alimentar e cristalizar a “incapacidade” do teu filho… incapacidade essa que provavelmente não existe, de todo!

 

Autonomia vs. Abandono

Para mim, a autonomia, a capacidade de sobreviver sem estar sempre pendurado em alguém, é mesmo muito importante. Mas, como tudo, pode levar a graves exageros.

Quando eu falo em desenvolveres a autonomia do teu filho, não estou a dizer para o deixares entregue a si próprio. Uma criança precisa de orientação, precisa de pequenas ajudas antes de começar a fazer por si próprio. Mas o foco não pode ser só ajudá-lo a completar cada tarefa, mas sim ajudá-lo a perceber como é que ele a pode fazer sozinho.

Outro aspecto muito importante é a proximidade. Uma criança precisa de intimidade, de estar próximo dos pais, para desenvolver a sua noção de pertença, de auto-segurança. À medida que ajudas o teu filho a desenvolver a sua autonomia, precisas de criar outros momentos de estar juntos, de partilhar, de usufruir da companhia uns dos outros.

 

A forma como incentivas ou não a autonomia do teu filho, vai afectar toda a sua vida, vai ter uma relação directa com a sua performance futura.

O que estás a criar no teu filho? Uma pessoa dependente e pendurada nos outros, uma pessoa insegura e com eternos problemas de auto-estima, ou uma pessoa saudável, equilibrada e capaz de lutar para alcançar os seus alvos?