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“Um ser humano é como é. Não muda!”

Esta é uma afirmação que eu oiço com frequência. Muita gente acredita nesta ideia de que cada um é assim mesmo, não tem que mudar nem tem (por essa linha de raciocínio) possibilidade de o fazer. No entanto, basta olharmos um pouco à nossa volta, para nos apercebermos de tremendas mudanças na vida das pessoas.

 

Mudança “pela força”

Vivemos numa época em que grande parte da população mundial está a passar por mudanças dramáticas e a uma velocidade que seria impensável há alguns anos atrás. Pessoas que entram em crise, financeira ou outra; que trocam o seu país por uma cultura completamente diferente, para fugirem da guerra, da perseguição, ou para buscarem o sustento; pessoas que assistem a mortes inesperadas e que, de um dia para o outro, têm que assumir um papel para o qual ainda não estavam preparadas, … Há situações em que a vida de uma pessoa muda de tal maneira, que ela tem que mudar mesmo muito para se adaptar à sua nova situação.

 

Genes e temperamento

Mas então, qual é o papel dos genes e do temperamento? Não é verdade que cada um de nós nasce com determinado temperamento – que não escolheu?

Sem dúvida! Cada pessoa tem gostos, tendências, atitudes, que são bastante evidentes desde muito cedo. E também é verdade que, se nós percebermos o temperamento de uma pessoa (o nosso ou de outros) podemos muito mais facilmente lidar com ele. No entanto, não podemos esquecer que os humanos (ao contrário dos animais) foram criados com livre arbítrio. Nós temos possibilidade de escolha. Isso significa que temos a possibilidade de decidir o que vamos fazer com o temperamento que temos. Ou seja, o temperamento é uma base que nós podemos desenvolver e moldar.

 

Adaptação

Grande parte das mudanças por que passamos têm a ver com a necessidade de adaptação. Estou a lembrar-me de um comentário que um amigo brasileiro fez recentemente, acerca do mau atendimento que era bastante comum em Portugal, há dez ou vinte anos atrás. Com certeza muitos de vocês ainda se lembram de, ao entrarem numa loja, sentirem o empregado a olhar para vocês com aquele ar de “Que seca! Vem aí outro cliente!” Ou, num café, se o empregado estivesse por alguma razão desagradado convosco ou com o vosso grupo, pôr os copos das bebidas em cima da mesa com tão mau modo, que a bebida salpicava por fora do copo. Com a crise prolongada e a vinda de pessoas de outros países, dispostas a trabalhar com melhores modos, também os antigos empregados dos estabelecimentos foram aprendendo maneiras mais delicadas.

 

Síndrome de Gabriela

Claro que, para a maioria das pessoas, a mudança é algo que não apetece. É muito mais fácil continuarmos como estamos. E a ideia de “temperamento” serve como um óptimo pretexto para a pessoa continuar a fazer as coisas como quer, dizendo que não consegue mudar, que já nasceu assim. Isso é aquilo a que eu chamo “síndrome de Gabriela” que cantava “eu nasci assim, sou mesmo assim, vou ser sempre assim”.

 

Quem beneficia?

A maioria das pessoas que acha que não tem que mudar, tem hábitos negativos (por vezes muito) que prejudicam aqueles com quem lida, sejam familiares sejam colegas de trabalho. E são esses hábitos negativos que eles não estão dispostos a mudar. Mas uma pessoa não é uma ilha; não vive isolada dos outros. As suas atitudes têm um impacto na vida dos outros. Por um lado, isto parece trazer uma grande responsabilidade. Mas, por outro, traz a esperança da mudança. Quando uma pessoa começa a mudar algumas atitudes, vai estar a influenciar os ambientes em que se movimenta, provocando mudança não só em si própria mas também noutros. Quando essa mudança acontece, beneficia a própria pessoa, os outros que lidam com ela e também as interações, os relacionamentos.

 

A mudança, quando somos forçados a isso, é possível. E pode até ser muito positiva! Mas não tem que acontecer só pela força. Hoje em dia, já se tem uma grande consciência da importância do desenvolvimento pessoal. E mudança é isso mesmo – nos desenvolvermos, crescermos, amadurecermos. Pode ser feita de forma intencional e planeada.

No próximo artigo, vamos ver como podemos alcançar essas mudanças que desejamos… ou que precisamos.