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Inside Out, de dentro para fora, é um conceito de mudança que faz todo o sentido. Esta ideia, de que precisamos de começar a mudança pelo interior, tem sido muito difundida ao longo dos últimos tempos. E, sem dúvida, será a melhor abordagem, se buscamos amadurecimento e mudança interior profunda.

No entanto, na prática, ao procurarmos seguir esse percurso, deparamo-nos com imensos bloqueios, barreiras e retrocessos. O nosso ego está muito bem estabelecido, com conceitos e crenças  profundamente enraizados e não tem um desejo natural de mudar. Para além disso, é especialista na camuflagem, levando-nos a ter uma visão distorcida não só de quem somos, mas também da mudança que supostamente estamos a conseguir implementar em nós.

 

Será indispensável querer?

A maioria das pessoas diria que sim, que, para haver uma transformação interior, a pessoa tem que estar disposta a isso. Eu até concordo. Mas, a nível do meu trabalho, isso traz um sério problema. A maioria das pessoas que me procura, na verdade não quer mudar. As pessoas querem alívio, que eu as ajude a resolver o seu problema, que lhes tire a sua “dor”. Pela lógica do Inside Out, estas pessoas estariam desqualificadas à partida e a atitude mais correcta da minha parte, penso, seria recusar trabalhar com elas.

 

Orgulho?!

A minha possível atitude que eu referi no parágrafo anterior, traz-me um problema (pelo menos aos meus olhos). Quando eu acho errado que as pessoas não queiram mudar, na realidade, estou a colocar-se num nível muito acima do delas – eu, que já mudei tantas coisas em mim própria, que sou especialista em mudança interior nos outros, etc, etc. Ou seja, eu / nós que valorizamos a mudança interior, somos (aos nossos olhos) qualificados para dizermos que os que aparentemente não querem mudar estão desqualificados para o fazer. E esta atitude de acharmos que estamos num nível acima dos outros, para além de mostrar alguma dose de orgulho, também é um dos principais factores da auto-cegueira.

Por outro lado, as pessoas que dizem querer mudar e que se esforçam por alcançar mudança, também têm que lutar com a realidade de dar os passos para a mudança, havendo pontos de resistência, de retrocesso e de eu as levar a ir “avançando” etapa a etapa, à medida que vão tendo mais capacidade para o fazerem.

 

Outside In

O nosso interior mais profundo nunca quer mudar, mesmo que racionalmente nós já estejamos dispostos a fazê-lo. Aí, nós temos dois percursos possíveis: continuar a tentar mudar o interior (o que é muito mais difícil e menos provável) ou começar a trabalhar o exterior e avançar a partir daí.

E como é que isso funciona? Podes começar a mudar pequenos aspectos, por exemplo na tua atitude; começares a falar com mais delicadeza e a ser mais agradecido. Começares a agir de forma correcta ou positiva, mesmo quando não te apetece, … Pouco a pouco começas a perceber que consegues e que nem é assim tão complicado. E o teu sentir também começa a mudar. Começas a ver as coisas de uma perspectiva diferente, a ser menos o centro do universo. Começas a perceber que muitas das coisas que achavas graves, até nem são assim tão importantes.

Aí, começa a haver uma maior disposição para mudares. Começas a perceber que já mudaste algumas coisas (mesmo que tenha sido apenas nas atitudes e forma de agir exterior), e que não “perdeste nenhum bocado” por causa disso. As pequenas mudanças exteriores, implementadas e trabalhadas com perseverança, começam a influenciar o interior, que começa também a mudar: a perspectiva, a visão, as crenças, auto-imagem e noção do outro, etc.

 

As mudanças exteriores começam a mudar não só a visão e a consciência, mas também as emoções e os sentimentos. É uma mudança de fora para dentro. É deixar de lado o que seria ideal, para avançarmos através do que é possível… e assim alcançarmos o ideal.

 

A mudança de fora para dentro, pela minha experiência, é mais fácil, mais rápida e muito mais provável de realmente se concretizar do que a de dentro para fora. No entanto, não é espontânea. Ela exige uma intenção, planeamento e trabalho perseverante para ser alcançada. Enquanto eu ajudo os meus clientes a resolverem o problema que os trouxe até mim, seja ele qual for, há um trabalho de coaching, de desenvolvimento, treino e implementação das novas competências e ferramentas que levarão à mudança, primeiro nas áreas mais superficiais e, a partir daí, avançando para a mudança interior.

 

No próximo artigo vou falar um pouco acerca da perspetiva espiritual desta noção de mudança “de fora para dentro”. Fica atento!